O melhor dia da vida da italiana Roberta Vinci começou com um pensamento: “Hoje eu quero desfrutar”. A tenista de 32 anos, pela primeira vez em uma semifinal de Grand Slam, teria pela frente a nº 1 do mundo Serena Williams e simplesmente não se imaginava vencendo a americana. Na entrevista pós-jogo, a sorridente Vinci disse que antes da partida pensava em “colocar a bola na quadra e correr muito”. E de fato ela fez isso, e MUITO mais. Na maior vitória de sua carreira e uma das maiores zebras da história do tênis, Roberta Vinci teve a estratégia certa e uma garra fora do comum para vencer uma tenista superior e acostumada a grandes jogos. Pesou contra Serena a instabilidade emocional, que provavelmente tem a ver com a chance de igualar o número de Slams da alemã Steffi Graf e completar pela primeira vez o “Calendar-year Grand Slam” (vencer os quatro Majors num mesmo ano).
O jogo
A semifinal começou como a maioria das pessoas imaginava, com Serena Williams se impondo e distribuindo golpes do fundo de quadra. A americana foi precisa e conseguiu duas quebras para fechar em 6-2. Até então, Roberta Vinci não vinha incomodando muito a nº 1 do mundo, ainda faltava subir mais à rede e utilizar o slice. Pois foi exatamente o que a italiana fez no segundo set, quando conseguiu tirar Serena da sua zona de conforto, baixando a bola e tirando o seu peso. Como consequência, vieram os erros não forçados e as chances para Vinci igualar o placar. E após um set mais equilibrado, ela fechou em 6-4, forçando o terceiro set. Após sofrer uma quebra de saque logo no segundo game da parcial decisiva, Roberta Vinci teve o mérito de não baixar a cabeça e buscar a reação imediata, quebrando o saque da adversária no game seguinte. Era evidente que se abrisse 3 a 0, Serena poderia jogar com muito mais tranquilidade os games seguintes e a situação ficaria praticamente irreversível. Com 2 a 1 no placar e uma quebra para cada lado, o jogo ficou muito mental e os erros passaram a aparecer com mais frequência. As duas carregavam muito peso nas costas, uma por estar perto de mais um recorde impressionante, outra por viver um momento inédito na sua carreira. E foi a italiana que mostrou mais equilíbrio, mantendo sua tática e contando com os erros recorrentes de Serena para fechar novamente em 6-4 e estabelecer o dia 11 de setembro de 2015 como “o melhor dia da sua vida”, como a própria Roberta Vinci definiu na entrevista pós-jogo.
A inesperada final italiana
Antes das semifinais, quase ninguém apostaria que as tenistas de número 43 e 26 do mundo pudessem vencer Serena Williams e Simona Halep, nº 1 e nº 2 do ranking. A americana foi derrotada em um jogo duríssimo, mas a romena Halep decepcionou seus fãs com uma atuação muito abaixo da sua capacidade. É fato que ela jogou com uma lesão na perna, por isso é difícil avaliar o quanto a dor afetou o seu desempenho. À parte o problema de Halep, é preciso reconhecer os méritos da italiana Flavia Pennetta, que aos 33 anos chegou pela primeira vez a uma semifinal de Grand Slam e brindou o público com atuação estupenda. Sem dar chances à adversária, ela distribuiu pancadas do fundo de quadra e foi soberana durante toda a partida. Roberta Vinci completará a inesperada (e fantástica!) final italiana. Resta saber se amanhã após o jogo, Vinci não terá um novo “melhor dia da sua vida”.